Van Gogh e seus silêncios que habitam o amarelo
Ergueu o volume do rádio porque queria quebrar o silêncio com acordes sutis. Não. Ela queria de fato destruir o silêncio com acordes nada sutis. Todavia conteve-se, porque estava acostumada a se conter para tentar viver.
Ela não entendia nada de silêncios, porque ele nunca pareceu uma resposta possível, ela subvertia a falta de som...e não compreendia que no silêncio há gritos e que toda obra musical é realizada no silêncio de si. Não entendia que silêncios não significava não ser ou não querer e sim um estado para não cometer uma loucura...
Tudo que é ausente silencia e ela começava a compreender...que canções são a analogia da vida interior e que por isso poderiam ser sentidas no silêncio da imensidão de ser...Descobriu que o substantivo silêncio poderia ser a ação mais sublime e intransitiva de toda sua vã existência. Porque falar significaria morrer...em certo momentos.
Ligou o rádio mais alto ainda para silenciar e conjugar o verbo em todos os tempos e modos. Silenciou no vinho. Silenciará nas letra de Rosa ou do Girassol e com isso descobriu que o sertão e o silêncio estavam nela..bem nela e decorado.
Desligou o rádio porque não queria mais quebrar o silêncio, tomou todo o vinho da garrafa e foi dançar...na intransitividade de silenciar-se...
Trilha sonora do post – “... A tua ausência fazendo em todo lugar...”
Um comentário:
Silenciar é olhar na sua face linda, doce e ansiosa. Silenciar é quer estar perto, mesmo vc não querendo. Porque vc é destes silêncios que são uma sinfonia interna...
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