terça-feira, agosto 14, 2012

Silenciar: verbo intransitivo


Van Gogh e seus silêncios que habitam o amarelo 

Ergueu o volume do rádio porque queria quebrar o silêncio com acordes sutis. Não. Ela  queria  de fato destruir o silêncio com acordes nada sutis. Todavia conteve-se, porque estava acostumada a se conter para tentar viver. 

Ela não entendia nada de silêncios, porque ele nunca pareceu uma resposta possível, ela subvertia a falta de som...e não compreendia que no silêncio há gritos e que toda obra musical é realizada no silêncio de si. Não entendia que silêncios não significava  não ser ou não querer e sim um estado para não cometer uma loucura...

Tudo que é ausente silencia e ela começava a compreender...que canções são a analogia da vida interior e que por isso poderiam ser sentidas no silêncio da imensidão de ser...Descobriu que o substantivo silêncio poderia ser a ação mais sublime e intransitiva de toda sua vã existência. Porque falar significaria morrer...em certo momentos.

Ligou o rádio mais alto ainda para silenciar e conjugar o verbo em todos os tempos e modos.  Silenciou no vinho. Silenciará nas letra de Rosa ou  do Girassol e com isso  descobriu que o sertão e o silêncio estavam nela..bem nela e decorado.


Desligou o rádio porque não queria mais quebrar o silêncio,  tomou todo o vinho da garrafa e foi dançar...na intransitividade  de silenciar-se...

Trilha sonora do post – “... A tua ausência fazendo em todo lugar...” 


Um comentário:

Anônimo disse...

Silenciar é olhar na sua face linda, doce e ansiosa. Silenciar é quer estar perto, mesmo vc não querendo. Porque vc é destes silêncios que são uma sinfonia interna...