terça-feira, dezembro 20, 2011

Um Conto Chinês e suas possibilidades linguísticas


No ultimo domingo(17) assisti ao filme “Um Conto Chinês” do diretor argentino Sebastián Borensztein. Foi uma dica do meu irmão, o qual sempre tem um bom filme para indicar. =)

O filme em sua essência é doce, apesar de toda tragicomédia que o circunda. Um conto chinês conta a história de Roberto (Ricardo Darín), um homem solitário de meia idade, cheio de manias obsessivas, que vive recluso em sua casa. Roberto tem um pequeno comércio, uma loja que vende ferramentas. Ele também tem uma mania estranha de recortar jornais do mundo inteiro e clipar( colar e guardar) as tragédias surreais da vida. Também tenta ser escritor e escrever sobre as mesmas tragédias que coleciona. Alias esse paralelo que se abre no filme é uma delicia de se apreciar.

Todavia “ Um conto Chinês” não retrata somente a história de Roberto, mas também de Jun (Ignácio Huang), um jovem chinês que vem para Argentina procurar um tio( seu único parente vivo no mundo), depois de vivenciar uma tragicomédia na China: sua noiva morre num acidente inusitado. Ele e a noiva estavam passeando num barco, e bem neste dia, Juan iria pedir a mão da noiva em casamento, porém por obra ou azar do acaso uma vaca cai de um avião de cargas e vai parar em cima do barco em que estavam os enamorados, matando a moça.

Roberto conhece Juan depois de ele ser assaltado e arremessado de um taxi em Buenos Aires. Roberto não fala chinês e Jun não fala espanhol. Começa ai uma relação surreal e que transformara a vida de ambos. Juan procura um tio e não tem onde ficar, Roberto o hospeda em sua casa. E a presença de Jun começa a tirá-lo do isolamento em que vive. No inicio ele se incomoda, e continua assim até quase o final, mas depois descobre novas possibilidades de relações.

O mais interessante no filme, talvez até genial pela ótica lingüística seja o dialogo que se estabelece entre eles, mesmo não havendo palavras, mesmo não havendo entendimento linguístico. Afinal um não fala a língua do outro. O diretor foi tão brilhante que para fazer os espectadores sentirem o que ambos sentem nessa tentativa de comunicação, não traduz a parte chinesa. A primeira sensação é de estranheza e de um incomodo angustiante. Contudo com o decorrer da história tive a nítida impressão que entendia tudo o que Juan dizia. Como se as relações pessoais sobressaltassem as barreiras lingüísticas.  Como se a comunicação acontecesse  apenas por gestos e olhares.

O filme é muito bonitinho e vale ser visto. É mais que uma crônica sobre as diferenças/choques culturais dos países (Argentina – China); é uma crônica sobre o aprendizado e as mudanças que permeiam nossa existência de maneira trágica e cômica como a vida.  Uma tragicomédia que pode mudar a nossa maneira de encarar o outro e as diferenças culturais ou qualquer outro tipo. =)



#FicaaDica - Trailer >>> 

Um comentário:

Anônimo disse...

Daninha,

Adorei seu artigo. Eu gostei muito deste filme.

Abraços do Júnior