domingo, dezembro 05, 2010

Tudo sobre minha mãe


Duas horas da manhã. Chovia muito. Ventava como se o vento fosse capaz de destelhar todas as casas da cidade, e também de carregar todas minhas dores. Estava chegando em Marília, vida de universitária que mora longe da família era assim: pé na estrada. Estava escuro. A rodoviária vazia. E um medo invadia-me de que ninguém viria me buscar e que eu ficaria a mercê da tempestade. Estar na tempestade para pessoas como eu é um tanto perigoso, porém...olhei pela janela do ônibus e vejo uma mulher com um casaquinho singelo cinza, calça preta de coton, chinelinhos de pano, cabelinhos curtos, olhar ansioso, cruzando as maozinhas como senão estivesse suportando mais à espera. Era minha mãe. Como sempre a me esperar todas as vezes que retornava de Londrina...Eu tinha a impressão que ouvia seu coração disparado à minha espera. 

 Minha mama - Clarice - nome de poeta e não poetiza. :)

Quando a avistei senti um alivio imediato. Desci do ônibus correndo, pois tava precisando de abraço, cobertor e leite quentinho. Sorri descompensadamente e a abracei. Meu pai esperava no carro. Seguimos...
Tudo isso para demostrar todo o ato de amor numa espera na rodoviária. Quanto valor agregado num ato aparentemente tão ordinário, não? Talvez, seja a melhor maneira que encontrei para homenagear minha mãe, que completa 59 anos hoje. Retratando o amor que ela me ofereceu durante toda sua vida. E do meu lado fica um amor maior ainda...Parabéns, mãe!

Presentes para minha mãe:
1. Uma canção:

2. Um poema

 Para sempre - Carlos Drumond de Andrade 

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

3. Um filme:  


4. Uma imagem: 

Van Gogh - Pietá

6 comentários:

William Lima disse...

Dani, ótima homenagem pra sua mãe. Dona Clarice merece. Parabéns pra ela. E pra todas as mãezonas como ela q cuidam de seus filhos sem cansar.
bjokas

Anônimo disse...

Como vc é sensível, Daniela! Doce e linda e isso a torna apaixonante.

Juliana disse...

linda homenagem dani, cheia de lirismo e sentimento. alem de belas imagens e um lindo poema.
beijos :)

El Adriano disse...

Dona Clarice deve tá tão orgulhosa dessa Dani no País de Van Gogh.

Lind@

Moabe disse...

Linda e singela homenagem, mas que merecida. Mãe, o que seria de nós sem ela? É nossa mãe que nos faz experiementar o verdadiro amor. Diga apra sua maezinha que mando um abração pra ela.

Girassol disse...

Q bom q vcs gostaram...:) Queria poder dizer mais mais, mas, às vezes, as palavras não saem...
beijocas