domingo, setembro 30, 2012

Porque odeio princesas




Segundo o dicionário Houaiss o substantivo feminino princesa significa mulher de príncipe, filha de rei,  membro da família reinante, do sexo feminino. Ou ainda no uso por metáforas garota bela, graciosa, mimada  e que se comporta com soberba, convencimento sobre os demais. Bom somente estas definições seriam o suficiente para detestar princesas. Mas o problema está nas estrelinhas e no campo semântico que o substantivo “ princesa” tomou...

Digo isso porque ainda no ano de 2012 vejo crianças brincando de princesas e querendo ser princesas e reproduzindo valores patriarcais... Para uma leitura senso comum isso seria normal e natural, né? Mas... Acontece que é essa mesma leitura que coloca a mulher cada vez mais numa condição de submissão social, cultural e sexual. Ou há figura mais submissa que  princesas? Todas têm em comum além da beleza grega (sempre a mais), a bondade extrema e a vontade de esperar sentada ou morta (quase) um príncipe bater a sua porta para lhe salvar de algum vilão... Ou pior de uma bruxa má. Engraçado isso... Mas a bruxa má, geralmente, é má porque luta para sobreviver, porque é humana demasiadamente (sente raiva, amor, inveja, ciúmes, dores, alegrias, angustia, desejos sexuais e esteticamente não é bonita como as princesas, além de não serem o tempo todo boazinhas). 

Às vezes me questiono como pensar em emancipação feminina se a mídia, as indústrias de brinquedos infantis, mesmos os pais e até educadores acentuam esse pensamento sexista nas crianças. Pensamento de que  princesas são especiais, a mais bonita, a mais... a mais...e no fundo somos todos homo sapiens, Porra! 

Até a década de 60 mulheres eram vinculadas juridicamente ao pai ou ao marido, em 2012 a lei modificou com muita luta, mas ainda não há isonomia jurídica de ato entre homens e mulheres. Fica a pergunta: alguém conhece algum macho que foi julgado por ter abortado? Isonomia jurídica pra quem? 

De boa, este culto as princesas me deprime, porque incentiva, motiva um estilo de vida ilusório e torpe, no qual as princesas, até trabalham, mas ainda é OBRIGAÇÃO do príncipe manter a casa e os luxos ( Posso me matar?). E o mais triste são mulheres-machistas porque crucificam mulheres que sentem desejo sexual( porque ai podem roubar outros machos, né?), trabalham e cipá dividem a vida financeira com seu parceiro sim (porque homem algum tem obrigação de manter mulher – pode haver somatória, mas não modelo patriarcal-, salvo a exceção se o homem humilhou, prendou a mulher, não a deixou trabalhar, ou  ter  vida própria, humilhando a uma vida  ad eternum de trabalhos domésticos, sem chance de estudos ou dignidade...ai tem que pagar sim...pelo tempo que privou a mulher de vida. ) 

Cada dia tenho mais certeza de quanto menos maniqueístas somos mais emancipados nos tornamos...Não há bem ou mal...há situações e emoções. O problema desse culto a princesas, é que meninas ficam presas a padrões desde o estético ao social. E o que sai fora disso é mal. Que filhas  estamos criando? 

Alguns conceitos bonitinhos, os quais parecem inocentes são muito perversos e somente servem para perpetuar mais o sexismo e o machismo. Precisamos nos ligar! Pois o protagonismo feminino consiste basicamente da mulher ter o direito ao corpo, o qual ainda é nos negado. Direito de andar como quiser e com quem quiser. De poder exacerbar seus desejos e mais que isso ter realmente a decisão de escolha: se quer ou não filhos ( isso também ta ligado ao apelo religioso e ao fato de não sermos donas do nosso corpo). Gente, a emancipação ao trabalho só acontece de fato quando tivermos habeas corpus do nosso corpo. Senão tudo continuará fake...e o mundo cheio de doces princesas e bruxas más. Ai recorro a Simone de Beauvoir “ Não se nasce mulher, nos tornamos mulher” , ou seja somos condenadas a sermos o que a sociedade quer que a gente seja. Por que ainda nos contentamos com isso e com essa visão de princesas? 

Nota: Não tenho filhas ou filhos. Mas se tivesse daria a escolha para eles gostarem ou não de princesas, mas antes disso falaria de outras mulheres pra eles. Não de mulheres que passam a vida morta esperando o príncipe e são servidas por outras pessoas. Falaria de mulheres que lutaram...que fizeram a diferença na vida de outras pessoas e que modificaram o mundo, mas infelizmente neste mundo de princesas estas mulheres, as quais admiro e me apaixono perdidamente seriam as bruxas más. 

Aqui estão elas ---> 


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3 comentários:

Anônimo disse...

Dani-ela tão femininsta, ativista, querida, doce, sexy e linda.
Caralho, vc é perfeita!
Ela- Dani vc é muito linda.
J.C.

Anônimo disse...

Oi princesa. rs
Daninha é brincadeira, viu?rs
Adorei o post. Vc é brilhante.
Júnior

William Lima disse...

Uma mulher de luta, não uma princesa no castelo. Nunca esperando o príncipe, nem o encantado, mas buscando um parceiro que se entregue igualmente a um amor sem superioridades. Afinal, o amor deve ser mútuo e as responsabilidades devem ser divididas. A princesa que se vende por aí é na verdade a fantasia de se manter o rei com a coroa, de domínio e supressão de escolha das mulheres e de todos os que não seguem as leis dos patrões.