Ela o retratou no seu melhor ângulo. Com um sorriso que silenciava olhos, bocas e sentidos. Sua barba por fazer, seus olhos tristes. Sim... Os seus olhos tinham algo de melancolia que a fotografia revelava... Escancarava. Algo que vai além da metafísica.
Ele imprimiu a foto, colocou no seu melhor porta-retratos. A foto sintetizou-o naquela imagem. Quando ela chegou à sala, sorriu. Porque sentia uma felicidade clandestina e incompreendida de ter ali, naquele cômodo todo sentimento possível, retratado em branco e preto.
A moça sorriu, chorou. Chorou de emoção, essas emoções que são inexplicáveis que surgem no meio da tarde como um vendaval e depois acalma. Mas após o crepúsculo voltam...
As pessoas começaram a chegar. Era a festa de aniversário dele. Ela não fora convidada, apenas fazia seu trabalho: servir e olhar. Porque era o olhar que a libertava de si. Era pelas retinas dele que ela se via. A foto era sinônimo da descoberta do mundo...como se o olhar dele fosse o inicio do que ela temera a vida toda, mas mesmo assim queria sentir.
Foi servir o vinho e o ouviu dizer para sua esposa, a qual elogiou sua foto, que quem tirara o retrato em preto e branco fora o João.
O vinho caiu.
Trilha sonora do post - Retrato em branco e preto do Chico Buarque
4 comentários:
Que triste, Daninha!
Você é uma linda! Escreve com tanta doçura que sempre me comove.
Tanta saudade de vc.
Seu eterno apaixonado,
Júnior
Muito lindo... E triste, mas quem falou que era pra ser alegre? Beijo.
Dani, Daniela, minha querida.
Vc é a pessoa mais apaixonante que conheci na vida.
Cada dia que te vejo, te vejo mais bela, mais ela. Suspiro em silêncio aqui.
A barba cresce pra vc.
Que lindeza essa mocinha... toda apaixonada, amável e sofredora. Só o olhar para nos libertar dessa prisão interior, e um pouco de poesia tbm. bjos
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