sábado, janeiro 21, 2012

Desabafo de mulher


Ser mulher dói muito. Digo isto porque é terrível ouvir o senso comum vomitar comentários machistas sobre a mulher: seu modo de agir, vestir, falar, rir, trabalhar e transar...Enfim. Isso tudo machuca porque sei os estragos e a perversão da sociedade patriarcal na psique feminina. 

Eu, particularmente, ando um pouco cansada de ficar explicando porque é importante minorias serem valorizadas e que é desta valorização que nasce o principio da isonomia( previsto constitucionalmente). Uma analogia para tentar desenhar isto: Numa corrida estou a 500m na frente do outro corredor. Como podemos afirmar que saimos na mesma largada? Quem tem mais privilegios? Para sairmos do mesmo patamar eu teria que perder o privilégio dos 500m de vantagem, né mesmo? Assim é com as minorias sempre excluidas: negros, mulheres, pobres,  homosexuais entre outros grupos. Será que assim dá para entender melhor?

Talvez não... porque o machismo não é uma luta de classes, o machismo é cultural e institucionalizado pelas religiões. Por isso há tantas mulheres machistas. Também basta olhar como as mulheres e homens são educados( a língua não é machista, são os usuários dela que são. Sacou?): cheios de sexismos. E o mais triste, as crianças são educadas, em sua maioria, por uma mulher. Mas, também não culpemos esta mulher, pois ela também sempre foi retalhada em seus desejos por uma educação castradora para mulher e livre para o homem. Basta analisarmos os brinquedos da infância, né mesmo? As brincadeiras dos meninos são livres e das meninas aprisionadas no modelo de sociedade patriarcal na qual vivemos. 

Eu, particularmente, prefiro conversar sobre estes assuntos com crianças, porque percebo como elas estão abertas para isso, e são elas que podem realmente modificar algo num futuro próximo. Porque adultos senso comum me enchem de preguiça, tédio e dor. E decidi não sofrer...E parafraseando Einstein é mais fácil quebrar um átomo que um preconceito. 

Talvez este desabafo para dizer que ser mulher dói diariamente. Dói pela desconhecida, pela amiga, pelas mães, pelas jovens, pelas alienadas, pelas deslumbradas, pelas agredidas, pelas solitárias e pelas foras ou não do padrão estético ditados pela sociedade, a dor cresce numa progressão geométrica, a qual me assusta por parecer infinita. 

Todavia, não é fato de estar cansada e cheia de dores que me tirará da luta pela igualdade de gêneros. Não. Isto me traz a reflexão e a consciência que há pessoas que não adianta argumentar(infelizmente). E é desta canseira que trilho o melhor caminho a seguir com minhas ideologias e ações.

Nota nada de rodapé: Poderia escrever um texto com argumentos históricos, antropologicos, filosoficos, todos embasados em diversas teorias. Porém, optei pelo desabafo. Porque talvez com minha humanidade e sofrimento algo mude no coração de quem ler o texto. #gradicida

2 comentários:

Recontrução disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Recontrução disse...

Amante da alma feminina, sou filho de mãe solteira que, trilhou a carreira de enfermeira numa época em que, a discriminação social em relação à mãe solteira era poderosa e só mulheres de grande fibra poderiam encarar. Embora ainda traga alguns ranços do velho machismo, trago na alma a solidariedade à essa dor que, relatas. Também sinto dor pelos homens que,sofrem por não haverem tido a oportunidade de compreender a alma feminina.(Rimavicar)