Ser mulher dói muito.
Digo isto porque é terrível ouvir o senso comum vomitar
comentários machistas sobre a mulher: seu modo de agir, vestir,
falar, rir, trabalhar e transar...Enfim. Isso tudo machuca porque sei
os estragos e a perversão da sociedade patriarcal na psique
feminina.
Eu, particularmente,
ando um pouco cansada de ficar explicando porque é importante
minorias serem valorizadas e que é desta valorização que nasce o
principio da isonomia( previsto constitucionalmente). Uma analogia
para tentar desenhar isto: Numa corrida estou a 500m na frente do
outro corredor. Como podemos afirmar que saimos na mesma largada?
Quem tem mais privilegios? Para sairmos do mesmo patamar eu teria
que perder o privilégio dos 500m de vantagem, né mesmo? Assim é
com as minorias sempre excluidas: negros, mulheres, pobres, homosexuais entre
outros grupos. Será que assim dá para entender melhor?
Talvez não... porque
o machismo não é uma luta de classes, o machismo é cultural e
institucionalizado pelas religiões. Por isso há tantas mulheres
machistas. Também basta olhar como as mulheres e homens são
educados( a língua não é machista, são os usuários dela que são.
Sacou?): cheios de sexismos. E o mais triste, as crianças são
educadas, em sua maioria, por uma mulher. Mas, também não culpemos
esta mulher, pois ela também sempre foi retalhada em seus desejos
por uma educação castradora para mulher e livre para o homem. Basta
analisarmos os brinquedos da infância, né mesmo? As brincadeiras
dos meninos são livres e das meninas aprisionadas no modelo de
sociedade patriarcal na qual vivemos.
Eu, particularmente,
prefiro conversar sobre estes assuntos com crianças, porque percebo
como elas estão abertas para isso, e são elas que podem realmente
modificar algo num futuro próximo. Porque adultos senso comum me
enchem de preguiça, tédio e dor. E decidi não sofrer...E
parafraseando Einstein é mais fácil quebrar um átomo que um
preconceito.
Talvez este desabafo
para dizer que ser mulher dói diariamente. Dói pela desconhecida,
pela amiga, pelas mães, pelas jovens, pelas alienadas, pelas
deslumbradas, pelas agredidas, pelas solitárias e pelas foras ou
não do padrão estético ditados pela sociedade, a dor cresce numa
progressão geométrica, a qual me assusta por parecer infinita.
Todavia, não é
fato de estar cansada e cheia de dores que me tirará da luta pela
igualdade de gêneros. Não. Isto me traz a reflexão e a consciência
que há pessoas que não adianta argumentar(infelizmente). E é
desta canseira que trilho o melhor caminho a seguir com minhas
ideologias e ações.
Nota nada de rodapé:
Poderia escrever um texto com argumentos históricos, antropologicos,
filosoficos, todos embasados em diversas teorias. Porém, optei pelo
desabafo. Porque talvez com minha humanidade e sofrimento algo mude
no coração de quem ler o texto. #gradicida
2 comentários:
Amante da alma feminina, sou filho de mãe solteira que, trilhou a carreira de enfermeira numa época em que, a discriminação social em relação à mãe solteira era poderosa e só mulheres de grande fibra poderiam encarar. Embora ainda traga alguns ranços do velho machismo, trago na alma a solidariedade à essa dor que, relatas. Também sinto dor pelos homens que,sofrem por não haverem tido a oportunidade de compreender a alma feminina.(Rimavicar)
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