O ano iniciou e eu em
silêncio. Nenhuma letra, palavra ou grito. Talvez pelo medo da expectativa e de
todas as frustrações que já vivenciei nos meus trinta e poucos anos. Não sei. É
sempre uma ilusão capitalista e de auto-ajuda achar que tudo será diferente (propaganda
enganosa), quando a mudança é no coração, né mesmo?
Enfim... Sei que sempre
fazia uma lista com objetivos, desafios para eu tentar conquistar durante o
ano. E este ano não escrevi nada e não me prometi desafio algum. Não que eu esteja ou seja pessimista. Não é
isso. É além... Percebi que a vida é curta para projetos em papel, os quais nem
sei se terei tempo de colocá-los em pratica, devido à finitude da existência ( a qual negamos o tempo todo). Portanto optei em SER.
Ser mais eu, mesmo que isso
signifique cada vez mais solidão. Ser mais coração, mesmo que isso signifique
sofrer um infarto de miocárdio a cada minuto e precisar de um cardiologista
diuturnamente. Ser mais circunspecta comigo mesma, mesmo que isso signifique o
silêncio. Ser mais amável comigo e comas pessoas, mesmo que isso signifique um
coração repleto de colesterol. Ser mais doce com o mundo, para a vida ter gosto
da infância. Mesmo que isso aumente minha glicose. Ser mais silêncio para ter
mais voz, mesmo que isso me remeta a angustia existencial. Ser mais desencanada e deixar a tecla foda-se em mode-on, mesmo que isso me torne louca. Ser mais...para
apenas ser a Daniela.
Esta
canção é mais que uma trilha sonora do dia; é a trilha da própria vida.
Eu entendo a noite como um
oceano
Que banha de sombras o mundo de sol
Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar
Que banha de sombras o mundo de sol
Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar
Além, muito além onde quero
chegar
Caindo a noite me lançou no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Caindo a noite me lançou no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Olhe, por dentro das águas há
quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam em mar nebuloso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam em mar nebuloso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar
E até que a morte eu sinta
chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar
Beira-mar – Zé Ramalho
Um comentário:
SER alguém que sabe estar SENDO o tempo todo não é fácil. A consciência que se tem de si e do outro não é pra todo mundo, porque a consciência doi (não me canso de dizer isso...)
Assumir o que se é,então, é para os poucos daqueles poucos que são.
bjos
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