sábado, janeiro 14, 2012

Conjugando o verbo ser para viver um bom ano


O ano iniciou e eu em silêncio. Nenhuma letra, palavra ou grito. Talvez pelo medo da expectativa e de todas as frustrações que já vivenciei nos meus trinta e poucos anos. Não sei. É sempre uma ilusão capitalista e de auto-ajuda achar que tudo será diferente (propaganda enganosa), quando a mudança é no coração, né mesmo? 

Enfim... Sei que sempre fazia uma lista com objetivos, desafios para eu tentar conquistar durante o ano. E este ano não escrevi nada e não me prometi desafio algum.  Não que eu esteja ou seja pessimista. Não é isso. É além... Percebi que a vida é curta para projetos em papel, os quais nem sei se terei tempo de colocá-los em pratica, devido à  finitude da existência ( a qual negamos  o tempo todo). Portanto optei em SER. 

Ser mais eu, mesmo que isso signifique cada vez mais solidão. Ser mais coração, mesmo que isso signifique sofrer um infarto de miocárdio a cada minuto e precisar de um cardiologista diuturnamente. Ser mais circunspecta comigo mesma, mesmo que isso signifique o silêncio. Ser mais amável comigo e comas pessoas, mesmo que isso signifique um coração repleto de colesterol. Ser mais doce com o mundo, para a vida ter gosto da infância. Mesmo que isso aumente minha glicose. Ser mais silêncio para ter mais voz, mesmo que isso me remeta a angustia existencial. Ser mais desencanada e deixar a tecla foda-se em mode-on, mesmo que isso me torne louca.  Ser mais...para apenas ser a Daniela. 



Esta canção é mais que uma trilha sonora do dia; é a trilha da própria  vida. 

Eu entendo a noite como um oceano
Que banha de sombras o mundo de sol
Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar
Além, muito além onde quero chegar
Caindo a noite me lançou no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Olhe, por dentro das águas há quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam em mar nebuloso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar
E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar
Beira-mar – Zé Ramalho


Um comentário:

William Lima disse...

SER alguém que sabe estar SENDO o tempo todo não é fácil. A consciência que se tem de si e do outro não é pra todo mundo, porque a consciência doi (não me canso de dizer isso...)
Assumir o que se é,então, é para os poucos daqueles poucos que são.
bjos