quinta-feira, novembro 24, 2011

Todas as Danielas...


Amanhã (25) é dia internacional da eliminação da violência contra a mulher.  Eu poderia escrever um artigo ou um ensaio feminista. Mas isso não alcançaria o que eu desejo. Seria pouco... Porque eu como boa marxista, sou completamente dialética. Sou formada de muitas mulheres, ora feministas, ora confusas, ora insegura, ora determinada, ora corajosa e outras tão covarde que chego a me envergonhar de mim. Sou um tanto de “Danielas” e talvez por isso minha mãe tenha me oferecido dois nomes: Daniela Paula.

Hoje vou falar com as mães dos alunos da capoeira. Vou falar sobre a importância da emancipação feminina para umas 15 mulheres, após a capoeira. É disso que eu gosto, conversar...e trocar amor e quiça ouvir muitas histórias. Talvez só assim as mulheres comecem a entender que o feminismo é uma posição política... Que você dizer não é resistir a uma sociedade patriarcal que nos trata ora como dondocas/princesas,  e outras como vagabundas/escravas. Enfim... Cansei de ouvir homens e mulheres insultarem mulheres com nomes pejorativos. Cansei de ouvir nos corredores da vida que mulher só tem determinado cargo porque transa com o chefe. Esse tipo de pensamento não me entra. Cansei de ouvir que mulher nasceu para ser dona de casa. Eu quero mais...e sei que elas desejam muito também.

Mesmo sendo marxista sei que o preconceito de gênero (assim como o racial) está além da questão de classes, é algo cultural que é reforçado pela sociedade capitalista. Mas não é a igualdade de classes que vai terminar com ele. É a consciência e a vontade da emancipação...

Hoje eu vou falar para as mulheres do Grupo de Capoeira que eu sou todas mulheres do mundo e nenhuma. Que e usou a santa, a puta, a chata, a engraçada, a tarada, a romântica, a intelectual, a desastrada, a que só fala besteira. Que sou tão insegura quanto elas na minha condição. Que somos iguais na luta. E que eu também já fui violentada por homens no sentido moral e físico.  Que às vezes sou má...e outras boa. Que eu sou demasiadamente humana. E por isso falo com elas...falo sobre mim e sobre elas.

Todas as Danielas --- >
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3 comentários:

William Lima disse...

Ser várias Danielas é viver o mundo com todos os sentidos. É viver o mundo com toda a inteligência.
As Danielas são todas as mulheres que não são subalternas, aquelas que infelizmente o são mas lutam contra isso e mais infelizmente ainda aquelas que dizem amém ao machismo.
Vcs, Danielas, representam a luta diária contra as injustiças e os maus-tratos.
te admiro e te amo.
bjokas

Maria Ivone Pandolfi disse...

Dani, adoro o que você escreve e como escreve. Quanto ao texto Danielas, me permito enviar um poema:

Autodefinição II
Maria Ivone

Sou plural e singular
Tudo depende do foco
Multifacetados sentimentos
Multiplicam-se
Desdobramentos
Mas, em essência sou uma só:
Singular e ponto.

Marília, 30/01/2006

Abraços

Felipe Braga disse...

Você me encanta. É a mostra de que todas as Danielas, todas as Marias, têm uma esperança.