domingo, outubro 09, 2011

Sobre Morangos


Let me take you down
‘cause I’m going to strawberryfields
nothíng is real, and nothing to get hung about
strawberry fields forever
Lennon & McCartney: “Strawberry fields forever” 



Aquele gosto azedoce de morangos silvestres me remete a Bergman.  E a busca da infância perdida para tentar entender a falta de amor no mundo. E a vida que foi, mas não foi...Sempre vazia. E o que salva são  exatamente as lembranças de uma infância nos campos de morangos... Campos cheios de sonhos, vermelhos, verdes e o horizonte a perseguir. Lembro-me que  quando era pequena, uma das minhas  obsessões  era o horizonte... Sonhava chegar nele primeiro que todos. 


Do horizonte vieram os morangos. Eles sempre foram um tipo de fruta exótica para mim, desde sua forma, a cor, as pintinhas/sementinhas e o verde... O gosto impar: um azedinho doce. O gosto do morango é dialético!  Talvez seja isso que levou Bergman a escrever um filme que fala de solidão, da vida vazia, onde tudo parecia claro quando se lembrava dos morangos da infância. Pois é exatamente na infância que ficam os (des)sabores para vida. 




Às vezes tenho medo dos morangos mofados. Porque eles não seriam mais azedoce e sim armazedoce. O amargo me deixa confusa e por mais que eu adore sabores diferentes, ele me parece como um castigo. Como se fosse uma nevoa nos morangos da infância.

Um comentário:

William Lima disse...

música, sabores, cheiros, lambranças, filmes... alguém nostálgica? dialética? confusa? o mundo é complexo demais?