quarta-feira, março 16, 2011

Sempre quis ser musicista ou escritora...

Ocorrem fatos em nossas vidas que por hora não tem significado algum, somente com o decorrer do tempo é que vemos o quão significativos foram essas passagens. Há alguns anos atrás, quando eu ainda estava no ensino médio, antigo colegial – Vixe! Como to véia- rs , ocorreu um destes fatos que anos depois me voltou à mente.

Eu estava sendo corrigida por uma redação que havia feito. Lembro-me até hoje o seu tema: O meu tipo especial. Eu falei sobre o escritor/poeta/diplomata Vinicius de Morais – na época achava que ele era o homem da minha vida – comentei na redação seu modo de viver a poesia e ganhar dinheiro com ela, da sua ficção por mulheres, bares, música e boemia. A professora, seu nome era Heloisa( essa mulher me ajudou tanto. A gente sempre encontra pessoas especiais na nossa caminhada e ela foi uma delas), me elogiou e depois disse que eu deveria fazer algo ligado a letras. Que eu tinha um dom com as “paroles”... Ela me incentivava a escrever, a imaginar e a ser eu mesma. Há gratidões que serão eternas... E para essa professora é assim...



Eu pensava em fazer tantas coisas: cinema, artes cênicas, música, biologia marinha, engenharia florestal, magistério e comunicação social. Mas não sabia ao certo o que queria. Realmente é uma crueldade fazer com que uma “pirralha” de dezeseis anos saiba o que vai fazer pelo resto de sua vida. Tá certo que tem os que já têm certeza disto desde que nascem, mas com certeza eu não era uma dessas pessoas. Eu queria ser tantas coisas. Mas o que eu queria mesmo era ser escritora ou musicista. Na música tem um refinamento/sofisticação e um encontro introspectivo e solitário conosco. Já no oficio de escritora há algo mais árduo, lento, doce e libertador: criação. É como ser um pouco Deus: e ter poder sobre suas personagens/vidas e ter a liberdade de mudar o curso da história.





Anos se passaram e eu sempre voltando a escrever. Aliás, escrever foi à única atividade realmente constante na minha vida, ao longo destes últimos anos. Era como uma paixão ou um vício no qual se volta sempre... Era uma peça de teatro aqui, um roteiro de cinema, contos, crônicas, poesia, a descoberta dos editores de texto eletrônicos acolá. E isto sempre me desviava do âmago da profissão escolhida com toda a minha convicção de que eu havia nascido para criar/imaginar e compartilhar. Porque o oficio de escritora é mais democrático que o de musicista, visto que quando a gente se deixa ler é um pouco de nós que estamos oferecendo aos outros. E na música para sentir é preciso coragem de entrar em nosso mundo interior, pois as sensações vêm por meio de notas, melodias, ritmo e a harmonia... É vida interior.



Acredito que a arte em si me torna mais verdadeira, mais eu... Ela liberta minha alma... É como sentar à mesa – antes do jantar - e ouvir Bach antes de qualquer conversa ou do vinho. Há coisas indescritíveis.



Uma pausa para um café reflexivo em uma tarde quente e instável – o tempo não revela se vai chover ou não - , sempre é bem vinda.



Nota mental: Todavia sempre é tempo de recomeçar. Às vezes não adianta fugir do nosso destino... Queria rever essa minha professora – Heloisa-. Queria rever tanta gente que me ajudou e me fez ser a pessoa que sou. #fato



5 comentários:

Anônimo disse...

Digerindo e sorvendo suas palavras. Pausas assim me deixam atordoado. As palavras do girassol me deixam sem ar.

El Adriano disse...

Penso que sempre há tempo pra ser o que ainda não fomos.

Admiro muito pessoas que se desdobram e se articulam em várias direções...

Textos assim como o seu, Dani, me ajudam a dizer a mim mesmo um pouco de mim.

Me encontro nas obras dos outros e me perco na minha...

Te admiro, e assim como sua professora, a girassol que aqui escreve me ajuda muito...

Dulces Kisses pra vc!

William Lima disse...

Dani:
Quando eu te leio, respiro mais rápido, como se ficasse ansioso pra saber a próxima frase, mas tb esperando que nunca chegue o ponto final.
vc é fantástica - de tantos modos...

Telma Monteiro disse...

Olá...
Primeira vez por aqui, por acaso. O acaso rege meu destino!
Maravilhoso blog, gostei mt do que li (e vi também, lindas imagens).
Tenho um blog sobre literatura; na verdade, uma espécie de banco de textos. Quando for possível, visite-me!
Abrç

Telma Monteiro disse...

Ah, sim! O nome do blog é LECTUS (lectusexlibris.blogspot.com). Ok?
Novo abraço!