segunda-feira, janeiro 17, 2011

Chuva aqui, acolá e lá... Alguns sentidos.

Esta chuva me remete a lembranças corrosivas/dilacerantes e o coração vive entre a taquicardia e a bradicardia. Os meus batimentos também são arrítmicos. Ele desafina tanto, canta num descompasso que me incomoda, pois é difícil conseguir a afinação, ou mesmo conseguir forças para dançar em seu ritmo.  Dialético meu coração ou é o tempo que não se decide: chuva ou sol. E fica embaçado… O fato é que tenho tido uma vontade de escrever incansável nestes dias tristes e bonitos - cinzentos. As tardes nubladas são propícias para o amor e para literatura. E eu presa ao trabalho por conveniência para não cair à margem. Cadê a liberdade? Não há. Talvez haja para os marginais... Por isso eles me atraem.

Bem, inicio de ano é sempre a mesma coisa, né? Pelo menos pra mim... Um silêncio pra depois vir às respostas. Ando reflexiva esta semana. Pensando na vida, na morte, no amor, em mim e no sexo. E a terrível sensação de que a vida tanto faz. Desilusão? Não sei... Talvez seja a melancolia que insiste em permanecer em mim. O problema é que desde ontem não consigo parar de pensar nele. Isso também tem confundido meu pobre coração que já não encontra afinação e a qualquer momento penso que serei vítima de um infarto de miocárdio.

Talvez seja o gosto da pele dele que esteja impregnado em meus lábios. Tenho problemas com paladar. Sempre tive. O gosto é o principio do mundo. Ou seja, uma necessidade sem tamanho, um desejo de água, todavia a fonte está seca.

O gosto dele na minha boca é o “doce de leite” que sacia meus devaneios mais obscenos e sacanas.  Fico imaginando esse gosto em “todas minhas bocas” e o medo de me perder em meio aos lençóis. E só me encontrar no corpo dele: só ter vida no leite derramado que dá à vida.

O olfato também me fascina. E esse cheiro que ele deixou é o motivo da minha insônia e, também, de todo problema cardíaco. Pois o cheiro grudou em mim como se fosse uma cicatriz e nem a chuva – e olha que tá chovendo-  consegue levar de mim...

Talvez esta seja nossa última chance. Talvez iremos morrer com as veias cheias de vida. E a chuva cai... 


Trilha sonora do dia: Tarde Vazia – Ira 

A canção mais cinematográfica que ouvi na vida. “ Você me ligou naquela tarde vazia, na mente fantasia...

Nota: Sempre quis que alguém dividisse o guarda-chuva comigo. Será que alguém,um dia,  ira me propor isso?

4 comentários:

Anônimo disse...

Estava com saudades da tua doçura erótica.
Adorei o texto. Vc é apaixonante.
" Poderia ter muitas garotas, mas você é diferente!

Anônimo disse...

Senhorita Daniela de laço de fita,

Cinematográfico é seu texto e sua capacidade descritiva. Quanto amor e talento!
" a vida vem do leite que dá a vida" Morri lendo isso.
Adoro vc, minha querida!
bjo do Júnior

Ps: Continue a nadar e a escrever.

William Lima disse...

Essa recaída vai passar. vc não pode jogar nele suas carências. ele q te deixou assim. mas há uma vantagem nisso tudo, indiscutivelmente: vc escreveu um lindo texto. ouço os pingos da chuva, vejo o cinza do dia. vc é linda. te amo. bjokas

El Adriano disse...

Eu Dani, também ando à procura de quem possa/queira dividir meu guarda-chuva e nos dias quentes q são refrescados com essas chuvas deliciosas me sinto mais desesperado ainda. Tomo banhos nela pra ver se passa.

Dani, vc é um chocolate com pimenta!
Melancolia, amor, doçura e sensualidade mixados e deliciosos.

É Como vc me disse, no twitter, dias nublados são quase um suicídio pra um a girassol radiante como tu! Mas aproveite, pra molhar-se e refrescar-se com a chuva. Lavar o que não te serve e fantasiar-se de nuvem pra mandar embora com brisas suaves ou berrantes trovões toda a água contida dentro de você, linda!

Seus textos são filmes sépias pra mim. E eu adoro isso.