Não. Eu não acredito em milagres.
Talvez pelo fato de nunca ter acontecido comigo nenhum milagre. Só um parêntese
linguístico antes da continuidade do texto: o advérbio “nenhum” é tão bizarro,
apesar do seu uso cotidiano, é como se não existe nada, todavia de maneira
negativa. Mas o pior é que eu adoro abusar do termo. Vai me entender.
Voltando ao milagre. Gosto de
ouvir histórias sobre ele, de como as pessoas modificam suas vidas e de como a
esperança de mudança age no ser humano. Mas, mesmo assim os indivíduos preferem
acreditar que é um presente divino. Respeito o olhar, mas não compreendo. Talvez
porque apesar de toda minha subjetividade, gosto da lógica e a ideia do acaso me
parece tão mais simpática e elaborada. É isso: Eu vivo do acaso, vivo de linhas
paralelas sempre na espera delas se encontrarem. Vivo numa supernova na
esperança que ela exploda e #BigBang libere toda minha energia para a formação
de novos conceitos e até de vida.
Se o milagre é algo que escapa à
razão humana, o sobrenatural, o praticar o impossível sem lógica. O acaso dentro
do seu caos possui uma ordem lógica, uma coincidência, possibilidades (no caso
do milagre não há possibilidades, ou você acredita nele ou não) ele é o
incerto, a casualidade que mesmo parecendo irracional se forma numa explosão de
racionalidade.
Estas duas
palavras: milagre e acaso. Sempre foram motivos de muita insônia para mim. Naqueles
momentos fugitivos do sono... Nos quais a gente foge de nós mesmos para
encontrar alguma explicação para a vida. O fato dos meus pensamentos serem fugitivos
antes de eu adormecer poderia ser considerado um milagre – porque neles,
transformo-me em qualquer coisa-, mas não é... É o acaso discutindo comigo
todas as possibilidades do mundo.
A vida não é um milagre e sim o acaso e a biologia
misturando-se. É o natural. Acreditar em milagres talvez seja uma forma de prisão
e de viver para sempre nas sombras com medo de conhecer outro mundo possível...Ou
talvez seja uma forma de não enlouquecer. É mais fácil responsabilizar ou não
um Deus por tudo. Dá menos trabalho. Agora o acaso mesmo sendo um evento/casual...
Demanda luta. Basta pensar na formação do universo. Basta pensar que foi da
explosão da supernova em mim que me apaixonei, e que de tanto caos nasceu ele. Tão
presente e distante. Mas aqui e não é milagre... É o acaso, as coincidências
que me colocaram em seu caminho. Uma busca aleatória e saiu ele. Ele que também
é o motivo da minha insônia e nem sequer sonha com isso. Ele não sabe do meu
amor. E talvez nunca saberá... Digo no sentido erótico, pois do amor fraterno
ele sabe sim...=) E o acaso nos colocou no mesmo espaço e tempo. E o universo
surgiu...
Miniconto
- Um milagre você por aqui. Nossa!
-Não. É o acaso. Iria pegar o ônibus e me atrasei. O Ônibus partiu
e eu fiquei.
- De qualquer forma que
bom. Vamos chupar um sorvete?
- Ainda bem que me atrasei. Ele sorriu e foram para a
sorveteria descongelar sonhos.
2 comentários:
Que lindo, Daniela!
Seu texto mexeu comigo.Sorte a nossa ou acaso ter você na imensidão da internet.
Sua linda, você sabe manipular as palavras de maneira tocante.
João Pedro
Que maneira mais linda que você achou de declarar seu amor. Realmente me apaixonei.
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