quinta-feira, outubro 06, 2011

Sobre milagres e o acaso


Não. Eu não acredito em milagres. Talvez pelo fato de nunca ter acontecido comigo nenhum milagre. Só um parêntese linguístico antes da continuidade do texto: o advérbio “nenhum” é tão bizarro, apesar do seu uso cotidiano, é como se não existe nada, todavia de maneira negativa. Mas o pior é que eu adoro abusar do termo. Vai me entender.

Voltando ao milagre. Gosto de ouvir histórias sobre ele, de como as pessoas modificam suas vidas e de como a esperança de mudança age no ser humano. Mas, mesmo assim os indivíduos preferem acreditar que é um presente divino. Respeito o olhar, mas não compreendo. Talvez porque apesar de toda minha subjetividade, gosto da lógica e a ideia do acaso me parece tão mais simpática e elaborada. É isso: Eu vivo do acaso, vivo de linhas paralelas sempre na espera delas se encontrarem. Vivo numa supernova na esperança que ela exploda e #BigBang libere toda minha energia para a formação de novos conceitos e até de vida.

Se o milagre é algo que escapa à razão humana, o sobrenatural, o praticar o impossível sem lógica. O acaso dentro do seu caos possui uma ordem lógica, uma coincidência, possibilidades (no caso do milagre não há possibilidades, ou você acredita nele ou não) ele é o incerto, a casualidade que mesmo parecendo irracional se forma numa explosão de racionalidade.

Estas duas palavras: milagre e acaso. Sempre foram motivos de muita insônia para mim. Naqueles momentos fugitivos do sono... Nos quais a gente foge de nós mesmos para encontrar alguma explicação para a vida. O fato dos meus pensamentos serem fugitivos antes de eu adormecer poderia ser considerado um milagre – porque neles, transformo-me em qualquer coisa-, mas não é... É o acaso discutindo comigo todas as possibilidades do mundo.

A vida não é um milagre e sim o acaso e a biologia misturando-se. É o natural. Acreditar em milagres talvez seja uma forma de prisão e de viver para sempre nas sombras com medo de conhecer outro mundo possível...Ou talvez seja uma forma de não enlouquecer. É mais fácil responsabilizar ou não um Deus por tudo. Dá menos trabalho. Agora o acaso mesmo sendo um evento/casual... Demanda luta. Basta pensar na formação do universo. Basta pensar que foi da explosão da supernova em mim que me apaixonei, e que de tanto caos nasceu ele. Tão presente e distante. Mas aqui e não é milagre... É o acaso, as coincidências que me colocaram em seu caminho. Uma busca aleatória e saiu ele. Ele que também é o motivo da minha insônia e nem sequer sonha com isso. Ele não sabe do meu amor. E talvez nunca saberá... Digo no sentido erótico, pois do amor fraterno ele sabe sim...=) E o acaso nos colocou no mesmo espaço e tempo. E o universo surgiu...

Miniconto

- Um milagre você por aqui. Nossa!
-Não. É o acaso. Iria pegar o ônibus e me atrasei. O Ônibus partiu e eu fiquei.
-  De qualquer forma que bom. Vamos chupar um sorvete?
- Ainda bem que me atrasei. Ele sorriu e foram para a sorveteria descongelar sonhos. 


2 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo, Daniela!
Seu texto mexeu comigo.Sorte a nossa ou acaso ter você na imensidão da internet.
Sua linda, você sabe manipular as palavras de maneira tocante.
João Pedro

Anônimo disse...

Que maneira mais linda que você achou de declarar seu amor. Realmente me apaixonei.