quarta-feira, setembro 21, 2011

Sobre o tempo e os abraços


Comprei um livro, hoje, chamado “ O livro dos abraços”  do escritor  Eduardo Galeano. O livro foi indicado pela querida Vanessa. Num momento de tempestades ao qual estou submetida me parece um espécie de guarda-chuva  um livro dos abraços. É como se mesmo ao vento gélido, na fúria das águas, encontrasse um guarda-chuva capaz de me proteger em seus braços. 


Li algumas partes do livro e a primeira impressão que tive é que ele é atemporal  e sem medida, como se nunca fosse existir razão no mundo  para parar de lê-lo. E não é exagero. Abri aleatoriamente algumas páginas e senti uma sensibilidade singular e sem possibilidades de “s”. 


É um livro composto por pequenos contos e pontuações expressivas.  Parece-me um livro lírico, denso e cheio de  criticas sociais. Ele mistura tudo, assim como deveria ser a vida. Ele é dialético na essência. Paradoxal como nós. E consegue vencer o tempo...por ser atemporal. 


O tempo


A morte é o algoz do tempo. Só ela o vence. Não adianta fugirmos dele, nos escondermos ou pensarmos que podemos enganá-lo . Ele é o senhor da vida. Podemos fugir até de Deus, da policia, de amores, inimigos, de reis. Mas do tempo...nunca. E tudo em nós gira em torno dele. Menos a morte, a qual é a única capaz de  derrotá-lo. 


Os  Abraços 


Os abraços deixo para o Galeano:
“Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu voo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por encontrar-nos e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.” Eduardo Galeano em O livro dos abraços

E eu estou bem no meio…do tempo e dos teus braços. E algumas reticências nos separam por hora. 


Um comentário:

Jaime Guimarães disse...

É muito difícil encontrar um livro do Eduardo Galeano que possa ser qualificado com um conceito abaixo de "ótimo" rs

O "Livro dos Abraços" é justamente isso o que você bem escreveu: atemporal e lírico, deliciosamente até mesmo quando precisa "endurecer" o tom - e sem perder a ternura.

Deixo aqui o meu abraço :)