segunda-feira, junho 06, 2011

Pescoço à esquerda e o corpo se debatendo

Quando eu era pequena – quer dizer, hum...ainda sou- quando eu era criança, nos dias festivos sempre presenciava minha avó destroncar as galinhas do quintal. Na verdade nunca entendi porque em feriados os bichos tinham que morrer. E era assim: com o porquinho e com as galinhas; a morte para festejar a vida. Confesso que ate participei de alguns atos: despenei varias galinhas a mando da minha vó. Só que na verdade eu sempre sonhava com planos mirabolantes de salvamento das galinhas: tipo abrir o galinheiro e facilitar as fugas das aves. Contudo, nunca dava certo. E isso me frustrava. O que mais me incomodava na morte das aves era o debate quando minha vó torcia os pescoço delas. Aquilo me causava pesadelos e muito sofrimento. Aquele debate alucinante e esquizofrênico me causava náuseas. Talvez porque não entendia como um corpo morto ainda poderia se debater tanto.

Penso que lembrei dessa passagem da infância porque hoje acordei com o pescoço duro e à esquerda( Ufa! Como boa vermeia isso me dá certa tranquilidade...sempre à esquerda do peito), e não é que o danado teima em ficar nessa direção, não vira mais. A dor insuportável e uma vontade de me destroncar. E agora fico me imaginando como uma galinha pulando e se debatendo. Coisa do capeta! E sinto que meu pescoço nunca mais voltará no lugar. Tá certo que sou exagerada, mas a dor é tanta que tô quase com a cabeça no chão para digitar essas palavras tortas. Porque agora tudo é torto: inclusive minha vida. #dramatica Ou como diria meu irmão: Aff...Exageraaadaaaa!

Liguei para o médico e ele me receitou um remédio sublingual. Poxa! Tanta coisa para fazer com a língua e ele me manda chupar o medicamento. #finaldecarreira O pior de tudo é que o comprimido tem um gosto medonho e nem um docinho de leite melhorou o meu hálito. Bom, ainda bem que com esse pescoço caído eu não conseguiria beijar ninguém. Senão assustava o coitado com o meu bafo medicamentoso. Rs

Talvez isso seja vingança tardia, por tantas galinhas que vi se debatendo até a morte e nada fiz para ajudá-las. Simplesmente assistia passivamente seus destinos. Talvez ainda faça isso na vida. Será? Talvez tantos “talvez” seja uma saída subjuntiva para o modo redenção, porque a dúvida sim remete a um coração puro e não duro como este pescoço torto à esquerda que se debate a dor infinita...

Que os sublinguais me libertem da sina de despescoçada e que a dúvida me traga liberdade. #amem. Se bem que o outro uso da língua seria mais interessante e libertador...Mas sem pescoço não há língua, Daniela! Portanto chupe o remédio e pare de se debater, porque senão terei que chamar um exorcista e não um médico ( esse é meu superego dialogando comigo. rs) . #amem Só mais uma pergunta para meu superego: O exorcista é bonito? Rs #gradicida

Um comentário:

Anônimo disse...

Daninha,

Você uma das poucas pessoas que transitam da comédia a filosofia como quem passeasse. Vc é brilhante, mocinha da fita de bolinha branca no cabelo!
Adorei o teu texto. Ri litros e refleti muito sobre os talvez.
Orgulho de vc, mocinha!
beijos e melhoras. Cuide com os sublinguais. rs Júnhior