segunda-feira, junho 13, 2011

Hoje é dia de Pessoa e há tantas pessoas gritando em mim...

Há dias que são como canções e as notas musicais envolvem-nos como uma ciranda. E rodar significa viver.  Hoje o dia é assim... Todo musical. Porque na música há poesia e para falar de poesia necessita-se de certo som. Ainda mais para falar de um homem com tantas Pessoas, como Fernando.

Hoje o poeta português completaria 123 anos. E a minha paixão por ele só aumenta proporcionalmente a sua idade. Difícil compartilhar publicamente tal paixão, porque há paixões pornográficas demais para serem divulgadas. Amar Fernando não é nada singular, é plural em sua essência, pois ele é tantos em um, que me perder em sua Pessoa é um imenso prazer erótico e passional. Porque no fundo todos somos muito e isso nos dá liberdade. #dialetica

Tive meu primeiro contato com Pessoa de fato no ensino médio. Lembro-me que o professor de literatura pediu para eu fazer um trabalho sobre Fernando Pessoa. E foi ai que eu descobri que há trabalhos que não são trabalhos e sim um grande prazer. Ai percebi a diferença de se fazer algo com paixão. Poderia ser assim o tempo todo, né? Trabalho e paixão. Pena que não é.:(

Foi nessa atividade que fiquei cara a cara com Fernando e suas pessoas. Descobrindo cada poema, cada novo heterônimo e sempre perdida em minhas emoções sem saber de qual Pessoa eu gostava mais. Apaixonei-me pela insegurança do poeta em relação a sua amada, Ofélia. Cada carta que ele escrevia para a amada um novo suspiro e a vontade de aprender Frances. Pois, os apelidinhos de amor dado a amada vinham da língua francesa. Um me chamava, em particular, atenção: Pulguinha! Porque a partir dele fui entender outro poema de Fernando em qual ele dizia que todas as cartas de amor eram ridículas... É assim que somos ao amar, e caso não seja assim não há amor que se suporte e resista a tanto tédio.

De todos os heterônimos mais conhecidos o que desperta mais minha curiosidade é Alberto Caeiro. Não que eu goste mais dele. Não é isso. Ricardo Reis, Álvaro de Campos e tantos outros Pessoas...também despertam minha paixão. Mas Caeiro pelo seu bucolismo se aproxima de mim de uma forma lancinante que tira o ar. Como que se sem ele algo em mim morreria. #fato

O poeta de muitos eus. Esquizofrênico? Médium? Gênio? Pouco importa. Denominar o que era Pessoa é limitar e restringir tão grandioso artista. Talvez seu sobrenome fale por si... era o Pessoa cheia de pessoas. 



O Amor é uma Companhia
Alberto Caeiro 

O amor é uma companhia.
                 Já não sei andar só pelos caminhos,
                 Porque já não posso andar só.
                 Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
                 E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
                 Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
                 E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
                 Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
                 Todo eu sou qualquer força que me abandona.
                 Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Um comentário:

Anônimo disse...

trabalhar com paixão não deve ser utopia. mas ser sempre assim, talvez seja. Aposto que este blog tem paixão. Talvez até me apaixone por este blog.
Dani @MusFanatic