terça-feira, maio 24, 2011

Jogo de Futebol amador e as variações linguísticas

Fui acompanhar no último sábado um grande amigo a uma partida de futebol amador. Fazia tempo que ele insistia no convite e eu resistia. Talvez eu fosse tão resistente porque sabia das segundas intenções e do fato dele querer se aparecer para mim: sabe aquela coisa de macho de mostrar força, habilidade corporal e tentar impressionar a fêmea. Então... Mas eu decidi acompanhá-lo. Precisava quebrar minha rotina. Porque há tédio que leva o suicídio. #fato

Cheguei ao local e confesso que me senti um pouco deslocada, pois eu era a única mulher, essa falta de companhia de gênero me intimidou um pouco. Enfim, timidamente eu sentei na arquibancada e comecei a apreciar a partida, e logo fui me soltando e olhando os bofes a exibirem seus corpitos – E que corpos, mon dieu! -. Alias, eles sempre me olhavam e isso aumentava consideravelmente minha libido e minha curiosidade. Rá!

Na verdade eu sou o que se pode chamar de observadora curiosa, e na movimentação toda o que me chamou mais atenção foi à comunicação estabelecida entre os jogadores: sempre aos gritos, mesmo um estando do lado do outro. A palavra mais usada do jogo foi “caralho”, ops “caraio”. Por que homem gosta tanto de dizer caraio? Hum?

Vou relatar alguns diálogos:
- Caraio, Diego! Toca aqui!
-Que isso, porra! Perna de pau. Caraio.
- Cario, veio. Aqui. Aqui. Aqui.
-Porra, cario. VTNC!
- Ow essa fita, veio. Cario. Era pra mim, porra!
-Cario que foda é essa. Deixou passar. Cario.

Aquele dialeto futebolístico todo começou a me empolgar, porque eles gritavam com tanta ânsia/desejo que contaminava tanta alegria. Olhe eu adoro futebol, mas a forma deles se comunicarem e se entenderem entre si passou ser minha principal observação: suas expressões faciais, a linguagem e os olhares. Tá certo que o jogo tava empolgante, por ser amador eles jogavam muito bem. =) Os moçoilos levavam o jogo a sério, como se fosse uma partida profissional, a cada corrida percebia o grito reprimido de gol e logo a frustração por a bola não entrar na rede. E o vocábulo caraio   vinha à tona como forma de libertação. Lindo! 

Num certo passe do jogo, empolgue-me e gritei:
-Caraio da porra! Foi falta.

Neste momento o jogo parou e todos olharam para mim. O silencio reinou. Eles voltaram a jogar e neste instante percebi que há variações linguísticas sexistas. Eu os assustei. #fato Por que mulher não pode falar “ caraio da porra”? Por que há palavras proibidas no vocabulário feminino desde a infância? Naquele momento entendi o motivo dos homens gostarem tanto de falar caraio, a palavra liberta das normas e padrões.

Depois de uns minutos em silêncio o jogo voltou ao normal.
O mais legal é que agora tenho um novo objeto de estudo: As variações linguísticas sexistas. Voilá! Caraio! RS

Ps: até aprendi a coreografia. =) 

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