sábado, julho 17, 2010

PRIMEIRO COMÍCIO DE DILMA COM LULA AO SEU LADO — A ALEGRIA DO AMOR VERDADEIRO

A alegria tomou conta do primeiro comício de Dilma, na Cinelândia, ao lado de Lula. Dilma depois de uma caminhada pela Avenida Rio Branco chegou ao local do comício acompanhada de lideranças políticas de partidos que apoiam a sua candidatura e de militantes. Com chuva, segundo a Polícia Militar, cerca de 15 mil pessoas compareceram a festa política democrática.

Lula, antes de Dilma tascou um discurso onde falou de seu carinho por Dilma e sobre as pressões para afastá-lo da campanha:

“Há uma premeditação para me tirar da campanha política para que não ajude a elegê-la. Eles querem me inibir para fingir que eu não conheço a Dilma. Mas eu não sou homem de duas caras. É a minha companheira Dilma, que foi chefe da Casa Civil e que esta preparada para a Presidência deste país”.

E mais a frente continuou:

“Cada palavra que eu proferir vai sair do fundo da minha alma. A gente passa uma vida inteira procurando alguém leal, competente, que tenha alma, compromisso ideológico, que conheça o país e que vai fazer as coisas que precisam ser feitas neste país. Ao indicá-la para ser presidenta deste país, eu colocaria as duas mãos no fogo por ela. Essa mulher com cara de anjo já foi barbaramente torturada, já tomou choque elétrico e não guarda uma mágoa de sentimento”.

Dilma disse em seu discurso sobre a alegria de estar no Rio de Janeiro nesta oportunidade: “Nós estamos muito molhados, mas estamos com a alma lavada. Estamos cheios de alegria porque estamos nesta praça, iniciando nossa caminhada. É o primeiro comício de nossa campanha. É a melhoria de vida desta população, dos trabalhadores e das trabalhadoras”.

E lembrando-se de uma frase de Lula, onde o presidente dizia não poder errar porque era o primeiro metalúrgico presidente do Brasil, falou:

“Eu também não posso errar, porque a primeira mulher presidente da República tem que honrar cada uma das mulheres que trabalham, criam seus filhos, têm duas ou três jornadas de trabalho. Não somos aqueles que pensam que vão governar sozinhos. Vamos governar com o povo, escutando o povo, percebendo suas necessidades e fazendo o possível e o impossível para atender suas necessidades”,

LULA E DILMA — O AMOR VERDADEIRO

Na verdade Lula sempre esteve ao lado de Dilma. E isto não por ocasião das eleições ou qualquer outra coisa do gênero. Mas porque, como diz o próprio Lula, ela é sua companheira. Daí podermos compreender neste termo “companheira” a alegria de um amor verdadeiro.

Acreditamos que o verdadeiro amor não é aquele que está fundamentado e determinado pela relação entre o amante e o amado em uma recíproca dependência. Relação esta ordenada por uma semiótica onde a interdição obedece aos princípios da negação das potências criadoras dos afetos em prol de uma liberalização das condições necessárias para tornar o outro em uma propriedade privada.

Acreditamos ser o verdadeiro amor, mais inclinado para uma transformação política das relações, aquele movimentado na amizade (philia). E esta amizade compreendida como aquilo que pode conter de vida comum. Onde não haveria uma relação passional entre um agente passivo e outro ativo. Mas o Comum: atenção recíproca, benevolência de um para com o outro, sentimentos compartilhados. Manter o amor, mas com um conteúdo que lhe der uma conduta livre de afeição compartilhada e duradora animada na amizade.

E para tanto é necessário que exista o domínio de si de ambos nesta relação. Tanto um como o outro, em uma conjunção recíproca de aprendizados e ensinamentos vivificadores, ambos ensinam e aprendem, um ao outro, a triunfar sobre os excessos e posturas egoístas. Não há, nesta relação, o indivíduo como substância ou como produto de uma realidade pré-fabricada. Há a construção constitutiva de ambos no movimento da criação da relação.

Mas para se preservar uma relação como esta é necessário também compreender que só se pode exercer um domínio sobre si quando se compreende que este domínio não é uma ação solitária. Se há uma relação de amizade recíproca entre Dilma e Lula é porque ambos compreenderam o quanto é necessário exercer um governo sobre si para poder governar os outros. A amizade de ambos não os tira do real, mas, ao contrário, os coloca como responsáveis por espalhar esta relação de amizade e contaminar toda a cidade (país) com este amor verdadeiro.

Portanto, um amor que constrói comunidades mais vastas (Toni Negri), um amor do comum, um amor da transformação do cotidiano. Um amor imanente. De uma ética materialista que tem em toda ação uma produção singular. Uma ética do presente, mas que dança, com passos de bailarino, com a construção do futuro necessário.

Quando Lula assume de alma e mente aberta que Dilma é sua companheira e que ela está preparada para ser presidente do Brasil é por causa desta relação que nunca se conservou em uma individualidade egoísta de amados que se separam do mundo e de seus problemas para viverem em uma relação isolada.

Ao contrário, a amizade de Lula e Dilma é acompanhada da amizade de tantos outros brasileiros que acreditam que sendo a verdade tantas, seria muito egoísmo querermos somente uma. O verdadeiro amor na amizade é justamente quando a sabedoria se torna não o acumulo de conhecimento, mas a multiplicidade e partilha de práticas e afetos recíprocos que transforma as existências de seus estados de estagnação.

Daí não adiantar os mais variados tipos de tentativas de entravar a campanha de Dilma e o apoio de Lula a sua companheira, pois o olhar de um ao outro refletem as transformações presentes e futuras do Brasil.

Fonte: Polivocidade

Um comentário:

Moabe disse...

Que lindo texto. Realmente, existe muita verdade na relação entre Lula, Dilma e o Brasil. Ótimo título tmb.