O blog de uma balzaca que gosta de falar acerca de literatura, política, cinema, saúde, vida, filosofia, animais, culinária e da sua eterna luta contra a balança. Espelho, espelho meu, existe alguém mais atrapalhada, apaixonada, desastrada, compulsiva, gulosa, dedicada, teimosa, estudiosa, impulsiva, chorona, triste, pirada, ansiosa, alegre e dialética do que eu?
terça-feira, julho 06, 2010
Literatura: Liberte-se com Sartre
Por Daniela Bueno
A literatura de Sartre está diretamente vinculada ao conceito de liberdade. Para o escritor, a função da boa literatura é representar o mundo em suas mazelas, ou seja, por meio da denúncia social e existencial tenta sensibilizar o leitor, instigando-o não só a tomar consciência como também a assumir sua responsabilidade diante do mundo, e não mais ignorá-lo.
A literatura sartreana pode ser compreendida com base na sua propensão para o engajamento individual (autoconhecimento) e social (transformação da realidade). Sartre foi influenciado pelo marxismo e por isso estabeleceu um vínculo entre a arte e a ética, pois a obra deve levar ao público não só a ideia de desvendar o mundo, mas a vontade de querer transformá-lo, daí o conceito de artista engajado tão defendido por ele.
Os temas principais das obras literárias de Sartre são a liberdade, o ser e a angústia. Ele amarra os três motes em suas obras como se um dependesse do outro, ou como se fossem a extensão do próprio homem. A liberdade humana é tão radical na obra sartreana, que o indivíduo, ao escolher as ações (comportamento) que definirão seu ser, acaba criando um modelo humano válido não somente para si próprio, mas para toda humanidade. Isso significa que nós não somos responsáveis apenas pelos nossos próprios atos, por isso é tão importante que o indivíduo se engaje de forma consciente na construção de sua individualidade. Já a angústia é resultado da tomada de consciência e da responsabilidade contida na escolha de nossos atos. Daí o sentimento de desespero, de desamparo e de “buraco no estômago” tão explorados em suas obras.
O meu primeiro contato com Sartre foi pela obra “A Náusea”: confesso que me vi em cada página do livro e que, após a leitura, já não era a mesma Daniela. Fui acometida como Roquentin (personagem principal da obra) por uma realidade que dá aversão e que traz muita dor; afinal, encarar a verdade e a si mesmo sempre é difícil, porém libertador.
Sartre não é uma leitura difícil. Talvez esse estigma venha do fato de ele ser um grande intelectual e filósofo. Mas isso não passa de um paradigma que deve ser superado, pois o importante para apreciar suas obras é ter muita disposição e coragem para mergulhar num mundo de liberdade e autoconhecimento, o qual só a grande literatura nos proporciona.
Por fim, coerente na literatura com sua obra existencial, Sartre jamais colocou suas convicções de forma totalizante ou essencialista. Mesmo acreditando e defendendo que a literatura deveria ser engajada. Sartre era livre!
Literatura para libertar:
A náusea, O imaginário, O diabo e o bom Deus, O idiota da Família.
Nota: Jean Paul Sartre – Filósofo e escritor francês (1905 – 1980).
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3 comentários:
Adorei o texto "Liberte-se com Satre". Leitura agradavel e surpreendente. Um sintese sensacional sobre esse grande folisofo. As pessoas precisam ter contato com esse texto e descobrir o fascinio de Satre, que tmb eh o nosso, a liberdade.
"a função da boa literatura é representar o mundo em suas mazelas"
"A literatura sartreana pode ser compreendida com base na sua propensão para o engajamento individual (autoconhecimento) e social (transformação da realidade)"
"Os temas principais das obras literárias de Sartre são a liberdade, o ser e a angústia."
Esses três trechos descrevem funções da literatura: representação do mundo, proposta de mudança da realidade. Isso tudo, sem dúvida, está relacionado à liberdade e ao ser e, por conta dessa complexidade, relaciona-se à angústia pela busca da transformação, porque há a representação da realidade - que não é perfeita e exige uma mudança.
Belo texto Daninha, mas você sabe que não posso comentar sobre o assunto, já que não leio absolutamente nada.
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