segunda-feira, maio 17, 2010

Seus olhos eram o início que eu temia

Ele a observava, da escada do cinema. Não resistiu ao momento e a presença dela, sempre tão pertinente aos olhos de todos. Aproximou-se e disse:

- Gosto de mulheres com bonés. É original. Gosto de mulheres com jeito assim: nada muito delicado. Você é tão bonita. Ela o observa e diz:

- Quem é você? Atrevido para pouca idade, não? Ela o fita com desejo. Ele sorri e diz:

- Gostaria de tomar um café? Ela oferece um sorriso perdido e aceita o convite sem pensar.

Contava ela com 30 anos, jeito maroto e cara de criança, apesar da idade madura, cabelos aos ombros e um olhar de ressaca, como o da Capitu do Machado. Ele era estudante de história tinha 23 anos e parecia ser muito mais maduro e sensato que ela, apesar da diferença de idade. 

Ela o convidou para irem no carro dela até a cafeteria. Ele abriu a porta num gesto cavalheiro como quem concorda imediatamente com a proposta da moça de boné, diz: 

- Estranho. Mas, sinto-me a sua mercê. Ela sorri de felicidade com a confissão. A porta do carro fecha. Desde o primeiro momento ela teve certeza que ele estava em suas mãos, dependendo das circunstâncias. Ela sabe também que a partir daquele momento chegou o tempo em que não pode mais se esquivar de certas obrigações com sua própria pessoa: a de amar loucamente aquele homem. 

Ele arranca-lhe o jeans, joga-o longe, arranca a calcinha branca de algodão. Ela o despe. A pele é de uma doçura suntuosa. O corpo. O corpo esta desfalecido de tanto desejo, sua única virilidade é a do sexo. Ela o toca. Toca seu sexo. Ele geme. Dominado por um amor abominável. E realizam ato. Ela diz: 

- Sinto-me abraçada ao prazer. O mar, sem forma, simplesmente incomparável...Você me traz a dor. Venha me possuir outra vez. Ele obedece e diz: 

- Eu a desejo tanto, desde o primeiro momento que a vi, sabia que estaria a sua a mercê dos seus desatinos. A partir daquele dia se tornaram amantes e não havia mais nada que controlasse o amor entre os dois amantes. Os dois sabiam pouco de si, somente sabiam amar. Ela morava num pequeno apartamento, o qual se tornou alcova dos amantes.

- Oi. Você demorou. Tava quase tendo um ataque do coração. diz ela desesperada.

- A faculdade, minha namorada. Enfim. Acho que conhecer você foi instrumento da minha própria infelicidade. Ela chora e sorri. Soluça e diz: 

- O que você me diz me faz feliz. Ele fica violento, seu sentimento é de desespero, atira-se sobre corpo dela, devora seus seios, grita, geme. Eles cerram os olhos para o prazer intenso. Ela diz:

- É isto que você faz da vida: amor, somente isso. As suas mãos são hábeis, maravilhosas, perfeitas. Ele agarra seus cabelos e diz:

- Você é meu único amor, não consigo mais controlar as palavras, principalmente, quando o corpo já me dominou. Este desejo desesperador, se eu continuar contigo irei morrer. Fazer amor com você é como morrer. Há tanta vida no gozo e em você, que poderia acabar agora. Eles se amavam diariamente, mas o tédio não chegava. Era a esperança dele, pois estava terminando a universidade e já estava com o casamento marcado com a namorada. Numa noite de amor ela disse: 

- Você vai se lembrar de mim para sempre? Destas noites e tardes, mesmo quando já tiver esquecido seu rosto, do seu nome... Somos desavergonhados?

- Eu me lembrarei de você para sempre. Se somos, por isso isto estou aqui com você. Ele voltou para cima dela, penetrou-a novamente. Ficaram assim abraçados, gemendo entre o clamor da cidade lá fora. Os beijos no corpo provocam lagrimas... Quando há desejo é assim... Incompreensível. Voltaram pequeno apartamento. Eram amantes. Não poderiam parar de amar. 

Depois de dois anos se amando diariamente. O pai dele lhe forçará a se casar e se mudar para São Paulo. Para se despedir eles marcaram o último encontro no mesmo local que se conheceram. Ela foi pega-lo no mesmo cinema que o viu pela primeira vez. Ele entrou no carro, virou o rosto para o outro lado para não ser visto, sempre com medo. Ela o beijou, sem uma palavra, ali não pararam de se beijar esquecidos de tudo, na frente do cinema. Fizeram amor na rua, ele chorava. Não era possível para ele renunciar agora a este amor insano, muito forte, era insuportável ainda separar-se daquele corpo. Mas, ele tinha compromissos e pouca coragem e idade para amá-la. Ela lhe disse depois do amor:

- Nunca imaginei que isso fosse possível, estava além das minhas esperanças e ia ao encontro da sina do meu coração. Nunca pensei neste desatino tão vivo. Tudo em você excita meu desejo: sua voz, seu olhar, sua boca, seu jeito medroso, sua falta de coragem. Tudo em você me mata de prazer. Eu o amo, além das minhas expectativas.  Ele chora por não ter forças pra ficar com ela. E diz:

- Eu morrerei sem seu corpo, sem seu amor. Eu  a amo. Quando o carro lançou o primeiro adeus ela chorou...Ela que era durona, chorou sem mostrar suas lagrimas, porque ele burro demais, sensato demais e logo casado e ela somente uma balzaquiana, tola, romântica e perdida, então não se deveria chorar por esse tipo de amante. Ela sofria, morria, sem demonstrar nada. Ele dentro do carro se desesperara e apenas a observava. Ela sabia que ele estava a observando, podia sentir... 

Anos depois, depois do casamento dele, do filho, ele retornou a sua cidade natal. Telefonou-lhe e disse: 

- Oi. Sou eu . Ela reconheceu a voz e continuou muda. Ele disse:

- Queria apenas ouvir sua voz. Ele estava intimidado, com medo, como antes. Sua voz começou a tremer de repente. Ambos choravam. Ele disse: 

- Tudo continua como antes, eu ainda te amo e jamais poderei deixar de te amar, acho que vou te amar até a morte. Ela sorriu e desligou o fone. Pensou naquele instante que se ele soubesse que ela voltava ao velho apartamento todos os dias só para reencontrá-lo nas lembranças ele estaria com ela. E voltou a vida. 

TRILHA SONORA DO DIA - CHICO BUARQUE - SEM FANTASIA:http://www.youtube.com/watch?v=vSY8xSrymnM

6 comentários:

William Lima disse...

Dani caliente:

Bem picante esse texto, hem.

Emocionante também. Parece haver um ritmo na sua escrita que acompanha o ritmo dos amantes... Uma angústia perceptível, um sofrimento, uma paixão.

Há algo (muito) de você aí.
"Ela sofria, morria, sem demonstrar nada". Preciso dizer mais alguma coisa?

Bjokas

Anônimo disse...

Senhorita Daniela,

Estou chocado com este texto. Na verdade, não conhecia este lado. Caracas, quase cai da cadeira. rs
Lindo o texto. Quanta paixão, quanto sofrimento e tesão. O Will tem razão em tudo o q disse. Demonstra sem medo seus sentimentos, tenho certeza que qualquer um cairia de amores por você, minha querida!
Coragem!
Bjo
Júnior

William Lima disse...

Dani, antes de nanar preciso te dizer que:

Te adoroamo.

Girassol disse...

O comentários de vcs são sempre agradáveis ao meu dia.

Will, vc me conhece tanto. Isto é tão lindo. Pra vc não tenho medo de demosntrar nada, meu amado amigo!

Ju, não se choque tanto. rsss Obrigada, pelo carinho de sempre.

Will, seu comentário final me desmanchou de vez. Eu tb adoro vc! Q bom, vc tão perto de mim.

Ai...acho q faltou um comentário. rs
bjooossss

Artus Rocha disse...

oi linda!!!
Seu texto é loucamente maravilhoso, de tirar o folego e deixar sem palavras. Demorei para recompor a respiração, para vir comentar, rss.
Mas, adorei, você sabe colocar num texto, tanto prazer, tanto sofrimento. Um sofrimento desejavel, sem o qual não ha prazer.
Adorei, você esta maravilhosa, continue assim. Beijos!!!

Girassol disse...

Alex,
Que bom q retomou o ar, pois não quero meu amigo morto e asfixiado pelo meu texto. kkkkkk
Ás vezes, tenho surtos literários. Que bom, né? Assim me inspiro e tenho coragem p escrever. Porque p escrever é preciso muita coragem...é mostrar muito de si mesma. É de certa forma, expor toda sua fragilidade, compreendes?
E mais q tudo isso: Tenho uma fonte de inspiração. Ah! isso é fundamental p quem escreve. hahaha
Mas, isso é outra história e vc a conhece bem.
Adoro vc! E adoro vc aqui. Sempre!
bjo