sexta-feira, novembro 02, 2012

O poeta: Noel


Um Jovem branco da classe média carioca, estudante de medicina com uma carreira promissora, que foi seduzido pelo samba e por ele dedicou sua vida  e doou toda sua poesia e sonhos.  Noel... Noel da Rosa ou a própria Rosa...Moço do queixo esquisito – que ironicamente prejudicaria sua fala, todavia que em nada a dificultou, pois ele cantava poesia... O moço engraçado, amado e desejado que preferia a companhia das prostitutas, da bebida, cigarro, da música,  dos operários, dos negros e da favela (pois era no morro que ele se sentia em casa), que da sua aristocracia medíocre  e dos colegas de classe média, os quais pareciam tão sem expressão e sem vida  para ele.  

Ontem resgatei Noel pela sua cinebiografia. O filme poderia ser melhor. Confesso. Mas a história do sambista, compositor, bandolinista, violonista e poeta Noel Rosa é tão intensa que a estética do filme, o roteiro falho,  fica em segundo plano( Afinal é tanta paixão que cega).  Mesmo assim, é um filme que indico. Vale cada nota musical, cada samba e também  pela beleza sem precedentes de Camila Pitanga. Como é linda essa Camila. Sensualmente linda, dando vida a prostituta Ceci – grande amor – tempestuoso-  de Rosa. E eu entendi facilmente o motivo. ( Dama do Cabaré)




Noel - Poeta da Vila(2006) é um filme de Ricardo van Steen, conta a historia dos últimos 5 anos da vida do sambista que modificou a história do samba, integrando-o de vez no cenário carioca. Noel viveu até os 26 anos. Morreu de tuberculose – não poderia ser diferente com tanto  romantismo superlativo, NE?. Viva o movimento romântico. RS-  e deixou um legado com mais de 200 canções compostas. 

O músico trocou a medicina pelo samba e pela boêmia carioca dos anos (20/30), tornando-se consagrado ídolo do rádio aos 19 anos (1929). Noel compôs sambas como:  Com que roupa?;  Dama do cabaré; O maior castigo que te dou; Retiro da saudade;  Vou te ripar; Malando medroso; Conversa de botequim;  Chuva de vento; Filosofia; Habeas Corpus;  Eu sei sofrer; Ultimo Desejo e tantas outras. Essas em especiais me tocam...por algum motivo em especial. Não que as outras não falem a minha alma. Não é isso. É algo que não sei descrever, somente sentir... assim como nas canções sem letras. Sei, agora, descompassar e me afinar nas batidas do meu coração. Apenas. 

Rosa viveu pouco. Não... Redimo-me pela besteira que escrevi no inicio deste parágrafo. Ele viveu muito, conheceu o TUDO.  Viveu a vida no limite. Viveu do que quis: da música, da boêmia, da noite, dos amores. Subiu o morro como quem sempre tivesse sido de lá, quebrou preconceitos sociais e culturais, modificou a música popular brasileira e fez uma revolução em nossos corações, tornando a vida menos chata e tediosa pela música. Afinal sem música – parafraseando Nietzsche – a vida seria um erro. 

E viva o samba! Viva Noel! Viva os morros! Viva a Boêmia! Viva os excluídos e os malandros! Viva os operários, as prostitutas, os sambistas! Viva todos os amores regados com um bom copo de cachaça. De resto...a gente não vive...aguenta. 

Trilha Sonora do Post - sempre nosso último desejo. Sempre. 

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