sexta-feira, agosto 20, 2010

O Poetinha, Vinícius de Morais, recebe homenagem do Presidente Lula.


Esta semana, o presidente Lula promoveu o diplomata, poeta e compositor Vinícius de Morais( poetinha) ao cargo de ministro de primeira classe( embaixador) e para todos os amantes do poeta esta foi uma reparação histórica e obrigatória, afinal o poetinha foi cassado do cargo pelo AI-5 durante a ditadura militar(1968), e embora tenho sido destituído de sua função, Vinícius percorreu o mundo exalando amor e poesia e vivendo sua vida de forma intensa e verdadeira.

Em 1979, o então presidente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC Luiz Inácio Lula da Silva convidou o poeta Vinícius de Morais para declamar o poema “ Operário em Construção” de sua autoria para uma multidão de trabalhadores que festejam o Dia do Trabalhador. Essa cena simbólica e sensível pode ser vista no filme ABC da Greve, de Leon Hirszman. E confesso, choro cada vez que a revejo a cena. Ouvir o poetinha declamar para milhões de trabalhadores um poema que fala de esperança de um mundo melhor, das lutas pelos direitos trabalhistas e humano e que , às vezes, é preciso dizer não para se ter dignidade, deixa o coração inflado e sensibilizado diante da poesia oferecida aos trabalhadores como comunhão. Vinícius compartilhava a dor do mundo com maestria, mas também sabia mostrar e e levar alegria, sempre acreditando na possibilidade de um mundo mais justo.

Trinta e um anos depois, o presidente Lula homenageia o poeta, compositor, jornalista e diplomata brasileiro Vinícius de Moraes, em cerimônia no Palácio Itamaraty com a promoção ao cargo de Ministro de Primeira Classe da Carreira de Diplomata (embaixador) e o mais bonito foi ver Lula declamando, de forma emocionada, o mesmo poema, o qual o poetinha tinha declamado em 1979 para milhares de trabalhadores. Antes da leitura do texto, Lula disse que os homens que cassaram o poetinha provavelmente não tenham lido seu poema “Operário em Construção” Essa promoção homenageia todos os amantes da poesia e do homem Vinícius de Morais. Oxalá! Saravá! Dani

Trilha sonora do dia - Samba para Vinícius - Chico Buarque

Trechos do poema:

Operário em Construção
Vinícius de Morais

Era ele que erguia casas
Onde antes so' havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Nao sabia por exemplo
Que a casa de um homem e' um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa quer ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pa', cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com sour e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento


Um operario em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martirios
Um silêncio de prisão.
Um siêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silencio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arratarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperanca sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razao porem que fizera
Em operário construido
O operário em construção

2 comentários:

pedalante disse...

por qual razão, fui às lágrimas?

Carmen Regina Dias disse...

Eu tinha ganhado a minha filha Iris
naquela época.
Quanta emoção!
E a emoção agora é ainda maior, agora.

"Ouvir o poetinha declamar para milhões de trabalhadores um poema que fala de esperança de um mundo melhor, das lutas pelos direitos trabalhistas e humano e que , às vezes, é preciso dizer não para se ter dignidade, deixa o coração inflado e sensibilizado diante da poesia oferecida aos trabalhadores como comunhão. Vinícius compartilhava a dor do mundo com maestria, mas também sabia mostrar e e levar alegria, sempre acreditando na possibilidade de um mundo mais justo."