O trauma é uma doença que atinge todos os países do mundo e pode ser conceituado como uma agressão súbita, mensurável, uni ou multicompartimental (pode ser em várias partes do corpo ou não), em uma vítima previamente sadia, geralmente jovem e, mais importante, na maioria das vezes evitável.
“O trauma é algo difícil de ser definido: é aquela coisa que todo mundo sabe o que é, mas ninguém define no papel. Ele se cruza, de certa forma, com a história da evolução da humanidade, pois na luta pela sobrevivência e preservação das espécies sempre houve traumas, até para a sociedade evoluir e se estabelecer como é hoje. Ou seja, onde há luta pela vida sempre haverá traumas”, explica o médico cirurgião Eduardo Lemos de Souza Bastos, que foi diretor do Pronto Socorro do Hospital das Clinicas de Marília por oito anos.
Bastos enfatiza que o trauma afeta mais a população jovem, principalmente nas quatro primeiras décadas de vida, talvez devido a própria impulsividade – característica da juventude –, e da falta de educação para a vida, acarretando, consequentemente, altos índices de mortalidade na população economicamente ativa, aquela que produz riquezas para o país. Isso gera um importante impacto no balanço econômico de uma sociedade.
“Além da morte, é importante ressaltar ainda que o trauma pode deixar sequelas temporárias ou permanentes, que geram custo para o SUS (Sistema Único de Saúde) e para Previdência Social”, destaca o especialista. “Para se ter uma idéia, o custo direto do tratamento de uma vitima grave de acidente automotor gira em torno de R$ 100 mil, e que, no Brasil, ocorrem em média 17 mortes por hora devido a algum tipo de trauma”, complementa.
O médico Eduardo L. S. Bastos
Para diminuir o número de mortes e seqüelas decorrentes do trauma, seja ele no trânsito, no trabalho ou mesmo no ambiente doméstico, há dois caminhos, segundo Bastos. “O primeiro é investir num amplo sistema de atendimento e reabilitação às vítimas, numa forma de cobrir o problema. O segundo é voltar às atenções para a prevenção”.
Para o médico, embora exija mais esforços e comprometimento constante, sobretudo da população em geral, a prevenção é a melhor opção, pois ela envolve mudança de atitudes e isso traria resultados mais duradouros à vida cotidiana de uma sociedade organizada.
“Qualquer processo educacional demanda tempo e investimento, porém o retorno sempre é mais sólido e eficiente, visto que envolve mudanças de comportamento e, por isso, é importante desde cedo educar as crianças para a preservação da vida”, diz o cirurgião, que participa como palestrante do Programa Viva Feliz sem Acidentes da Emdurb (Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e viveu algumas experiências neste tipo de abordagem.
“A melhor prevenção é conscientizar as pessoas a agirem de modo seguro, prevenindo-se das situações de risco. Isso é o que pode trazer, no médio prazo, melhoras significativas nos atuais índices de morte e sequelas por traumas”, acredita o médico.
“Prevenir traumas é o mesmo que educar para a vida. Porém, não basta conhecer essas atitudes preventivas, deve-se também aplicá-las. Só conhecer as leis do trânsito não é suficiente, por exemplo, para prevenir acidentes em vias públicas. É preciso agir, executar o que se sabe”, finaliza Bastos.
Esta blogueira e o médico Eduardo Bastos
Mais informações: www.twitter.com/eduardolsbastos
Um comentário:
Senhorita blogueira Daniela Paula,
Adorei a sua matéria. Muito interessante mesmo. Tô assistindo as entrevistas agora. O médico domina bem o assunto e nos esclarece muito. Tô abismado com os gastos públicos com acidentes.
Vc sempre surpreendendo sempre. Adorei.
bjo do Júnior
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